post#40 uma estória d´O Lobo e o Cordeiro

Em plena época “casamenteira” rebenta a primeira bomba! Pelo menos temos novidades. Será que desta vez vamos discutir o que verdadeiramente importa?

Se andam distraídos e não repararam que o “bicho” acordou, passou esta 6f na SIC (jornal das 19H) um caso curioso de falcatrua da boa, i.e., muito por pouco e mesmo no fim, nada de nada.

Será uma das muitas empresas que operam no mercado. E com isto temos a festa armada. Os maus são os fornecedores pouco sérios e os bons os “queridos Noivos”. Neste programa a que chamaram de investigação (?) ouvi coisas que todos já cohecemos à imenso tempo:

  • tendas oferecidas no mercado entre 3 a 9.000€ é um gap bestial não acham?,

  • como reconhecer uma “boa empresa” e,

  • o que procuram os Noivos e o que encontram.

Parece-me de facto os três eixos principais do actual mercado. É isto que pode eventualmente nortear este mercado actual, que vive de excessos. Que tem excesso de oferta não qualificada e que puxa para cima e para baixo os preços deixando o potencial cliente à beira da desconfiança e sem uma bússola fiável.

Mas analisemos o cliente interno, só este, porque o outro vem carregado de notas mesmo que esteja a pagar acima do preço de mercado, mesmo assim é barato face à sua realidade.

Então o que procura o nosso cliente :

  • preço baixo, preço e preço baixo,

  • quer tudo! não tem um plano sensato e à medida da sua bolsa. Muda de plano várias vezes e é indeciso pelo que fica à mercê de gente digamos … mais arrivista.

O que encontra pela frente assim que começa a ter que fazer escolhas:

  • não tem ideia dos preços e as referências de mercado são obscuras, veja-se o exemplo dado acima. Alguém sabe dizer na ponta da língua, o preço de referência por m2 para uma tenda de x metros? E refira-se que este preço já deve incluir a montagem+desmontagem ao qual se adiciona a deslocação.

  • o mercado é livre (o que não compreende) e cada um pratica o preço que considera justo para o seu serviço,

  • as informações prestadas pelos fornecedores nem sempre são transparentes, fluídas e atempadas - a queixa da falta de resposta é monumental,

  • num mercado fortemente apostado em só trabalhar para o cliente externo e endinheirado, o nacional é para as empresas médias, um tapa buracos na agenda.

Continuando …

  • O cliente não tendo noção dos preços, aconselha-se com os amigos. São eles que já tendo sido, cobaias a referência a seguir,

  • não tem capacidade técnica para avaliar o tipo de serviço e o que se encontra associado. Escolhe de forma emotiva pelo que vê e não investiga o suficiente para aferir da expertise da empresa, tempo de mercado e reputação comercial,

  • quer sempre, pagar o mínimo face às suas escolhas,

  • está disposto a confiar, não exigindo um contrato de prestação do serviços, a listar os items devidamente e até a pagar em circunstâncias estranhas,

  • não quer factura para fugir aos impostos,

  • exige por vezes coisas absurdas e não exequíveis porque esta é a grande festa da sua vida e sendo totalmente inexperiente não consegue separar e acertar na medida certa.

Face a isto volto ao princípio, teremos “maus” fornecedores face aos “bons clientes”? Para mim totalmente errado ver o assunto deste ponde vista. Temos sim,

  • clientes que não estudam a matéria toda, ficam-se pelo resumo e passam com a nota mínima,

  • abraçam a teoria muitoooo liberal que os impostos não servem para nada e promovem a economia paralela,

  • exigem comportamentos honestos da parte de quem presta o serviço mas são os primeiros a fechar o negócio de forma obscura, insegura e sem capacidade de reclamação à posterior.

  • não zelam pelo seu interesse e promovem a impunidade em caso de incumprimento.

da nossa parte …

  • por vezes não existe um balanço equilibrado entre o que sabemos, o que queremos e o que permitimos,

  • não somos pro activos no esclarecimento, informações claras e transparentes e explicação assertiva do nosso preço.

  • nunca queremos perder um negócio, O que também é demonstrativo de uma actividade pouco saudável e estruturada. Nem todos os clientes interessam, esta é uma variável dos negócios. Bons clientes são parceiros, tentam compreender as diferenças e promovem escolhas que tem que ser boas para ambas as partes,

  • sofremos de uma exposição pública estranha e demolidora. Mostrar que fazemos muitos casamentos, que estamos num patamar estratosférico e inantigivel pelos outros. A imagem sobrepõe-se a tudo e pelo meio deve haver muita disfuncionalidade.

É isto, tenham um bom fim de semana e bom trabalho.

https://www.branquinhophotographers.co

post#37 o último post

Foi em Outubro de 2021, o Instagram tinha caído e ficámos orfãos da nossa vida durante algumas horas. Foi o grande pânico nas hostes, equacionamos tudo: onde devíamos estar, o que devíamos fazer para nos libertarmos do que nos faz mal, onde era (ou devia ser) a nossa casa e da qual devíamos cuidar com atenção e carinho.

Mas foi uma mera reação, o IG acordou no dia seguinte e tudo voltou à rotina, aos dias do scroll, da visão sem sentido com que iniciamos e acabamos os nossos dias.

Num ano muito aconteceu. O mundo não acabou, mas mudou! Este ano trouxe-nos o maior desafio que podemos enfrentar. A guerra acabou com a ordem da vida tal como a vivíamos. O efeito guerra obriga-nos a pensar diariamente, como temos que contornar, adaptar ou inventar, a nossa nova realidade. E neste estado de espírito estamos.

Admiro as pessoas que olham para tudo isto sem qualquer emoção, como se vivessem noutro planeta. Mas também admiro as que olham para este ano terrível como um tempo de oportunidades. Estou a aprender muito com tudo isto. Não gosto, mas aprendo e é bom.

E chegámos ao fim da época dos casamentos, mais uma. A transformação da pandemia para a não pandemia é avassaladora. Da fome passámos para a excessiva abundância. E foi toda uma época de tudo ou nada. Ambas as partes foram a jogo sem preparação e o minuto a minuto da coisa foi brutal. Sem ritmos, sem análise, sem prioridades. Foram meses imparáveis, não houve espaço para mais nada. Ganhar o máximo, aproveitar a oportunidade sem descanso foi o cenário de guerra.

E agora vamos voltar ao desmame da época. Da hiper actividade vamos entrar na hibernação.

O panorama nacional deste sector é cada vez mais neutro e sem capacidade de renovação ou inovação. Há mais gente nova no negócio, mas a oferta nem por isso se apresenta mais criativa. Todos fazem o mesmo, a oferta é uma cópia exacta do que o mercado americano ventila até à náusea. Estamos presos neste modelo obsoleto e como sempre achei, desfasado da nossa realidade de europeus que entendem a vida de outra maneira. La joie de vivre faz parte do nosso ADN. Os clientes estão reféns do IG.

Dos vestidos à decoração e às flores, tudo é formatizado, contido e sem “incorrecções” de estilo. Somos uns bons alunos, mas estamos a viver a vida dos outros. Não a nossa. Em termos colectivos estamos mais isolados, mais metidos na nossa concha e menos abertos ao diálogo tão necessário para o crescimento em ideias e troca de experiências.

Se o futuro do sector é isto, atrevo-me a dizer que esta época tornou-nos mais “ricos” no imediato, mas também nos tornou mais pobres.

E agora para nos rirmos um bocadinho.

O que mais vimos nesta época e que já era tempo de “destralharmos” do assunto:

  • paleta de cores obsessivas,

  • convites sem personalidade e por amor da santa, acabem com os lacres já! temos tantos talentos por aí e o resultado é sempre o mesmo?

  • excesso de flores, afinal somos a favor do ambiente ou contra? temos que escolher de que lado estamos da barricada. Ver a rapaziada mais nova entrar de olhos fechados nisto, deixa-me a hiper ventilar. Mesmo que digam que tudo é free foam… a hipocrisia não é boa para o planeta malta!

  • o estilo palaciano… adoro! os estrangeiros devem pensar que parámos no século passado e ainda não descobrimos outra forma de decorar uma festa.

  • iluminação excessiva. O Natal parece que veio para ficar nos casamentos. Seja ao ar livre ou indoor é carregar na factura. As empresas agradecem claro, mas o charme natural dos espaços perde. Quem é que pensa nisto?

  • queremos todos entradas espectaculares da igreja mas as selvas aumentam diariamente. Há um frenesim em mascarar o património que dói.

  • bouquets de flores secas ou catalogo de espécies: algo tem que mudar. Sabemos que todas as Noivas vão ao Pinterest porque não dá trabalho nenhum, é só apontar e zás. Mas compete ao profissional encontrar o “ponto de caramelo” e não deixar queimar o açúcar :). E o açúcar acaba sempre por se queimar, porque a imagem que se quer para o IG é mortífera.

  • clonagem desenfreada. O IG é terrível naquilo que se vê de maquilhagem das Noivas. Parecem-me todas iguais. O efeito Kardishian parece ter tomado conta da cena, totalmente :(

  • Noivas xoninhas ou Noivas temáticas: é tudo o que mais vimos estes meses. O padrão é tão sem sal sem personalidade que retira completamente, o foco da Noiva. Meninas, pensem no assunto. Deixem de lado o que tem que ser, pensem no que querem no que vos representa. Se se sentem confortáveis com uma saia e uma camisa peçam ao vosso designer que vos façam o conjunto mais sofisticado do universo. Não é uma questão de dinheiro é uma questão de respeito pelo vosso estilo.

E por hoje ficamo-nos por aqui. Não sei se é uma volta ao diálogo com consistência ou não, o futuro o dirá.

Fiquem bem.

Bisou


post #33 o Setembro chegou

Estamos no mês do vale tudo, na recta final do bom tempo, e a casar depressa antes que o bicho nos pregue mais alguma partida desagradável.

Não encontrei ninguém descontente e muito menos apreensiva com o futuro (disto tudo) o que me deixa algo surpreendida. Será que a pandemia é caso arrumado e tudo voltou ao que era? Pelos vistos o slogan do “vamos ficar todos bem” funcionou! ora ainda bem, se calhar terei que dar mais importância a estas cenas….

Então vamos lá ao balanço, para em 2022 voltarmos a rever o filme e constatarmos o que fizemos de melhor ou pior.

  • espaços: de forma geral, cumpriram as normas da querida DGS. O número de convidados por mesa foi seguido e de forma geral, todos os protocolos exigidos foram no sentido da segurança de todos. Ás vezes somos mesmo certinhos :)

  • os Noivos: houve claramente dois grupos, os NADA interessados em condições de segurança e outro grupo mais CONSCIENTE . A conclusão (minha é claro) é rápida e fácil de atingir: temos dois tipos de clientela, os mais novos e menos dotados de conhecimento que casam para e com o IG e os outros que querem um casamento mais normal digamos. A diferença genericamente acaba aqui.

  • passamos a ter um horário de encerramento da festa. Sim isso mesmo, pode não ter sido assimilado de norte a sul do país da mesma maneira, mas é um facto que se fala à boca pequena e que mais cedo ou mais tarde fará o seu caminho. Festas até o cliente quise cair para o lado podem estar em causa no futuro. Parece que (finalmente) descobrimos que o tempo custa dinheiro, esforço e recursos.

  • preços: face às consultas e trabalhos encomendados a terceiros, não vou dizer de modo algum que subiram. O que devemos talvez pensar é que se pagava mal a uns e excessivamente a outros. Mas o mercado é mesmo assim cheio de altos e baixos. Tendo em conta que trabalhamos sempre de costas voltadas uns para os outros é normal nunca sabermos onde nos situar e assim irá continuar. Não sabemos operar doutra maneira, no mundo global ainda acreditamos no segredo do negócio e pouco na meritocracia e diferença.

  • profissionais do sector: face à pressão de casar tudo ao mesmo tempo, a resiliência dos profissionais é de louvar. Mesmo a procura excedendo a oferta, a capacidade de resposta é sempre boa, o que quer dizer que existe mais gente capacitada, organizada e consistente naquilo que faz. É pena ainda se ver alguma confusão na oferta dos serviços, i.e. negócios de convites que oferecem serviços de flores, caterings que são também wedding planner e floristas que são decoradores. É pena que esta situação ainda aconteça, sabemos que construir um negócio não é fácil mas neste zona de sombras, só ganha o cliente. Ter dois serviços pelo preço de um é canja! Se somos maus educadores? Sim somos! mas somos óptimos a dar tiros nos pés e então????

  • networking: ressuscitaram as ofertas destas reuniões. Esperava que a pandemia trouxesse ao sector mais ar, transparência, colectividade e conhecimento, mas parece que não. Portanto o bicho não afectou o negócio da venda de pequenos-almoços e troca de cartões de visita. Ainda um dia terei que tentar compreender isto.

E é este o nosso balanço, se há mais coisas para dizer? sim há mas vamos entrar numa nova época e só começou agora.

Fiquem bem e vemo-nos a partir de agora ao domingo. Se calhar o algoritmo dirá que não é o dia indicado mas quem é que liga a essa entidade divina?

Bisou

Mª João

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post #31 CONTINUAMOS EM PONTO MORTO!

Olá como estão? Espero que bem e com o moral em bom estado.

Estou a acompanhar com entusiasmo, a onda espanhola. Caso ainda não tenham despertado para este mercado, ainda estão a tempo.

O que podemos aprender dum mercado de 40 milhões? muito! a riqueza da diferença, a forma como encaram a adversidade do momento, o papel que querem ter na sociedade e o modo como encaram a grande mudança. Os problemas da era pandémica são os mesmos, mas o que conta é a atitude colectiva para sair dessa problemática e … de caminho, tornarem-se mais fortes e com mais qualidade.

… algumas ideias:

  • apesar de estarem mais atrasados no mundo digital, todo o trabalho que está a ser ventilado é fascinante. Não interessa a maneira de lá chegar é preciso é chegar!

  • os mais novos tentam aprender com os mais velhos e vice-versa. Não há (aparentemente) preconceito geracional. Sente-se um dinamismo fresco e leve no ar.

  • as academias de ensino, mais formais ou mais informais tem emergido como cogumelos. Estudar e aprender é uma necessidade assumida e levada a sério.

  • é transversal em todos os podcasts a ideia: quem não entende o que mudou, JÁ está fora do sistema!

  • exige-se saber números concretos para definir a direcção do futuro.

  • o movimento é inclusivo, inter activo e sem o estigma do “eu sei mais do que tu”! Todas as categorias, actividades e profissionais falam uns com os outros, ninguém tem receio de revelar o grande segredo do “seu” pequeno negócio. O bem comum é um facto. Se no fim ficarmos todos bem, eu também estarei bem! e assim se salta da frustação para a dinâmica ganhadora.

  • reconhece-se de forma inteligente, quem tem estado na dianteira da mudança. Quais os sub sectores que se tem movimentado e que levam um avanço. É um prazer ver o reconhecimento dos parceiros e o que isso ajuda a ter um mercado saudável.

  • perfila-se a ideia que os profissionais tem que ser INFLUENCIADORES e não SEGUIDORES! Esta nova maneira de pensar é “martelada” e bem, diariamente. Se vingar, o que acredito, passaremos finalmente à missão educativa do cliente.

E por hoje ficamo-nos por aqui. São oito pontos para reflectirmos se estamos neste “mood” ou se continuamos, como sempre …. em PONTO MORTO. À espera do subsídio, recolhidos na nossa toca, sem falarmos com ninguém porque nos podem roubar o “grande segredo” do nosso “pequeno negócio”!

Fiquem bem e se quiserem comentar, discordar ou outra coisa qualquer façam favor.

Bisou, bisou

Mª João

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