post#37 o último post

Foi em Outubro de 2021, o Instagram tinha caído e ficámos orfãos da nossa vida durante algumas horas. Foi o grande pânico nas hostes, equacionamos tudo: onde devíamos estar, o que devíamos fazer para nos libertarmos do que nos faz mal, onde era (ou devia ser) a nossa casa e da qual devíamos cuidar com atenção e carinho.

Mas foi uma mera reação, o IG acordou no dia seguinte e tudo voltou à rotina, aos dias do scroll, da visão sem sentido com que iniciamos e acabamos os nossos dias.

Num ano muito aconteceu. O mundo não acabou, mas mudou! Este ano trouxe-nos o maior desafio que podemos enfrentar. A guerra acabou com a ordem da vida tal como a vivíamos. O efeito guerra obriga-nos a pensar diariamente, como temos que contornar, adaptar ou inventar, a nossa nova realidade. E neste estado de espírito estamos.

Admiro as pessoas que olham para tudo isto sem qualquer emoção, como se vivessem noutro planeta. Mas também admiro as que olham para este ano terrível como um tempo de oportunidades. Estou a aprender muito com tudo isto. Não gosto, mas aprendo e é bom.

E chegámos ao fim da época dos casamentos, mais uma. A transformação da pandemia para a não pandemia é avassaladora. Da fome passámos para a excessiva abundância. E foi toda uma época de tudo ou nada. Ambas as partes foram a jogo sem preparação e o minuto a minuto da coisa foi brutal. Sem ritmos, sem análise, sem prioridades. Foram meses imparáveis, não houve espaço para mais nada. Ganhar o máximo, aproveitar a oportunidade sem descanso foi o cenário de guerra.

E agora vamos voltar ao desmame da época. Da hiper actividade vamos entrar na hibernação.

O panorama nacional deste sector é cada vez mais neutro e sem capacidade de renovação ou inovação. Há mais gente nova no negócio, mas a oferta nem por isso se apresenta mais criativa. Todos fazem o mesmo, a oferta é uma cópia exacta do que o mercado americano ventila até à náusea. Estamos presos neste modelo obsoleto e como sempre achei, desfasado da nossa realidade de europeus que entendem a vida de outra maneira. La joie de vivre faz parte do nosso ADN. Os clientes estão reféns do IG.

Dos vestidos à decoração e às flores, tudo é formatizado, contido e sem “incorrecções” de estilo. Somos uns bons alunos, mas estamos a viver a vida dos outros. Não a nossa. Em termos colectivos estamos mais isolados, mais metidos na nossa concha e menos abertos ao diálogo tão necessário para o crescimento em ideias e troca de experiências.

Se o futuro do sector é isto, atrevo-me a dizer que esta época tornou-nos mais “ricos” no imediato, mas também nos tornou mais pobres.

E agora para nos rirmos um bocadinho.

O que mais vimos nesta época e que já era tempo de “destralharmos” do assunto:

  • paleta de cores obsessivas,

  • convites sem personalidade e por amor da santa, acabem com os lacres já! temos tantos talentos por aí e o resultado é sempre o mesmo?

  • excesso de flores, afinal somos a favor do ambiente ou contra? temos que escolher de que lado estamos da barricada. Ver a rapaziada mais nova entrar de olhos fechados nisto, deixa-me a hiper ventilar. Mesmo que digam que tudo é free foam… a hipocrisia não é boa para o planeta malta!

  • o estilo palaciano… adoro! os estrangeiros devem pensar que parámos no século passado e ainda não descobrimos outra forma de decorar uma festa.

  • iluminação excessiva. O Natal parece que veio para ficar nos casamentos. Seja ao ar livre ou indoor é carregar na factura. As empresas agradecem claro, mas o charme natural dos espaços perde. Quem é que pensa nisto?

  • queremos todos entradas espectaculares da igreja mas as selvas aumentam diariamente. Há um frenesim em mascarar o património que dói.

  • bouquets de flores secas ou catalogo de espécies: algo tem que mudar. Sabemos que todas as Noivas vão ao Pinterest porque não dá trabalho nenhum, é só apontar e zás. Mas compete ao profissional encontrar o “ponto de caramelo” e não deixar queimar o açúcar :). E o açúcar acaba sempre por se queimar, porque a imagem que se quer para o IG é mortífera.

  • clonagem desenfreada. O IG é terrível naquilo que se vê de maquilhagem das Noivas. Parecem-me todas iguais. O efeito Kardishian parece ter tomado conta da cena, totalmente :(

  • Noivas xoninhas ou Noivas temáticas: é tudo o que mais vimos estes meses. O padrão é tão sem sal sem personalidade que retira completamente, o foco da Noiva. Meninas, pensem no assunto. Deixem de lado o que tem que ser, pensem no que querem no que vos representa. Se se sentem confortáveis com uma saia e uma camisa peçam ao vosso designer que vos façam o conjunto mais sofisticado do universo. Não é uma questão de dinheiro é uma questão de respeito pelo vosso estilo.

E por hoje ficamo-nos por aqui. Não sei se é uma volta ao diálogo com consistência ou não, o futuro o dirá.

Fiquem bem.

Bisou


post #22 o plano ideal para tempos pandémicos

Admitindo que não desistiram de dar o nó e que dentro das regras do bom senso e da responsabilidade. Organizar uma pequena festa com o círculo mais chegado é o desafio do momento. Porque acreditamos que os casamentos vão mesmo transformarem-se e os Noivos irão no futuro serem mais sábios, dedicamos o post de hoje a quem vai mesmo, viver esta aventura de forma consciente e cuidada, mas tendo como objectivo um dia maravilhoso e cheios de detalhes bonitos.

A cerimónia

Civil ou religiosa, cuide do conforto e da segurança em primeiro lugar. A pandemia impõe-nos uma logística, mas não tem que ser fria e estranha: pense numa mesa de recepção que inclua o bonito arranjo floral pois claro, um cestinho engraçado que disfarce o frasco e uma caixa cheia de máscaras para quem ainda não percebeu o mood ou é simplesmente hiper esquecido.

Dividir e etiquetar, sim tem que ser. À semelhança do protocolo das mesas, aplique a regra ao sentar para a cerimónia, junte os co habitantes mas facilite esta operação e torne-a elegante. Recorra ao designer dos papéis bonitos e peça umas etiquetas (legíveis) para os bancos ou cadeiras. Papel de boa qualidade, caligrafia bonita e um raminho a acompanhar serão elementos suficientes, para ter uma plateia cheia de encanto. Se o budget o permite, e a cerimónia é civil, depois do sim, aproveite para um brinde especial. O catering cumprindo a regra actual, servirá as bebidas pessoa a pessoa. Eu diria que é a altura ideal para umas palavras de agradecimento aos queridos amigos e família. Se estiverem ao ar livre, é o momento de imagens bonitas e porque não, de juntar os pequenos grupos seguros, para se deixarem fotografar na vossa companhia.

A festa em modo slow living - parte I

Sim estamos a aprender a viver de modo diferente, então adaptemo-nos sem perder a nossa essência e uma certa joie de vivre. Casar rodeados dum grupo pequeno não tem que ser desinteressante. Muito pelo contrário, aproveitem para trocar a quantidade pela qualidade.

Várias mesas ou uma única, o que importa é que sejam francamente bonitas, que arranquem um oh de espanto. Agora que o grupo é reduzido, tudo passou a ser menos complicado, ainda se lembram de ir a casamentos onde abrir ligeiramente os braços para comer era tarefa difícil ? pois agora a palavra de ordem é conforto e segurança. Escolham uma loiça bonita e elegante, chega do serviço básico branco.

Surpreendam com um design floral bem pensado e elegante. Sejam ousados e levem para a mesa tudo o que faz sentido em termos de decoração. No actual modelo, uma refeição para obedecer às regras levará mais tempo, então o cenário terá que prender a nossa atenção e fazer-nos sentir bem. À semelhança da cerimónia, sigam o protocolo: o marcador de lugar (place card) nunca fez tanto sentido. E a regra será a mesma, um papel à altura das circunstâncias !

Há anos que sou fã de guardanapos. Tenho uma colecção já importante que uso muito na mesa dos Noivos, mas agora que podemos ter uma só mesa para decorar com tudo do melhor … não hesitem, procurem algo que seja mesmo marcante, tendo em conta que a mesa estará um pouco mais despida pois não terá pratos, invistam num fantástico guardanapo de bom algodão ou linho e numa das cores da paleta das flores. E para deixar tudo ainda mais fantástico, as velas! de cor ou em marfim é só acertar no conjunto. Joguem com vários modelos de castiçais. Se vão casar em casa, está na hora de aproveitar a prata da casa. Sucesso assegurado ? pois claro !

Para terminar este tema, vamos falar do seating plan. Caso tenham várias meses ele é mesmo incontornável. Seja colocado ao ar livre ou na entrada da sala, façam dele um ponto de atração da decoração. Seja uma instalação floral, um conjunto de objectos ou um quadro com uma bonita aguarela, fujam do cavalete super batido e sem graça. E para reforçar o factor segurança, incluam a mesinha que esteve na cerimónia, a tal do desinfectante … já dizia a minha avó que antes de sentar à mesa as mãos tinham que estar lavadinhas.

E para a semana iremos continuar a falar do plano para ter um dia cheio de detalhes maravilhosos e que tornem o vosso casamento mesmo muito especial.

Continuem a cuidar-se e a cuidarem, pelos vistos temos mesmo que cerrar fileiras.

XoXo | Mª João